segunda-feira, 11 de junho de 2012

Aprenda a pedir aumento de salário sem traumas


Aproveite o bom momento da economia para conseguir uma promoção ou
atualizar sua remuneração; confira os dez passos

São Paulo - Fim de semestre. As perspectivas para a economia brasileira estão mais otimistas do que nunca. Ao mesmo tempo, as previsões de expansão dos negócios da companhia em que você trabalha também. Seu prestígio profissional anda em alta. A remuneração, porém, não segue o mesmo ritmo?


Então, prepare-se. Este pode ser o momento para negociar um aumento salarial com o seu chefe. 


Mas cuidado. "Lembre-se que pedir uma revisão do salário significa que você está fazendo uma queixa", afirma Mariá Giuliese, diretora da consultoria Lens&Miranelli. "Você está fazendo uma crítica à gestão da chefia".


Por isso, antes de fazer a proposta salarial é preciso se preparar. Conversamos com alguns especialistas para entender qual é o melhor caminho para negociar uma revisão na remuneração. Confira:

1. Frente a frente com o espelho
É fato. Independente do nível na hierarquia e do salário, todos defendem que poderiam ter uma remuneração melhor. No entanto, antes de se encher de coragem para começar a negociação com a chefia, seja autocrítico. 


"Você precisa ter certeza de que é merecedor do aumento", afirma Vladimir Araújo, diretor de projetos da consultoria Ricardo Xavier. Por isso, aproveite o momento para fazer um check-up da sua jornada profissional dentro da empresa. 


"Só vá conversar quando você tiver crédito", afirma Mariá. "O salário é consequência de um trabalho realizado". Então, segundo ela, o pedido de revisão salarial só pode ser justificado quando você atuou além do que está recebendo.


Assim, compare os resultados que você apresentou nos últimos tempos com os projetados pela empresa. Se o saldo foi positivo - ou seja, você não apenas cumpriu as metas como as superou, mergulhe na ousadia. Será mais fácil conquistar seu superior. 


2. Avalie o terreno
Antes de entrar na sala do chefe, pedindo, de maneira eufemista, uma revisão salarial, investigue como anda a saúde financeira da empresa. "Se estiver em momento de crise, nem pensar", diz Araújo. 


Para chegar a conclusões precisas, tente descobrir, por exemplo, como a empresa sobreviveu à crise (e se já se recuperou), confira se as contratações aumentaram ou se há projetos de expansão. 


Respostas positivas? Sinal verde para o próximo passo. 


3. Tenha senso de hierarquia
Sua reputação está em alta? Tudo OK com a saúde financeira da companhia? Ótimo. Mas tenha calma. "É preciso saber se posicionar e identificar o seu equilíbrio de poder na negociação", afirma José Roberto do Valle, especialista em negociação e presidente da Scotwork Brasil. 


Ou seja, todos seus bons argumentos irão por água abaixo, caso você proponha um aumento ambicioso demais para sua posição na hierarquia. A dica para fugir desse deslize é pesquisar. 


Compare seu salário com de outros profissionais que exercem uma função semelhante à sua no mercado. Avalie o valor do seu cargo na organização. "Reconheça o seu poder e seus limites", diz Valle. 


4. Hora da concentração 
Bons resultados não garantem que a injeção de calorias em seus rendimentos será certa. Fato. Se você não souber negociar com maestria, é melhor já dizer adeus a essa esperança.


Por isso, antes de ganhar a coragem necessária para entrar na sala da chefe, gaste um bom tempo reunindo dados e argumentos que comprovem o quanto você merece um reajuste salarial. 


"É por competência e não por convencimento que você vai ter sucesso na negociação", afirma Araújo. Dessa forma, não recheie seu discurso com uma série de adjetivos vazios. Mostre dados e fatos. 


5. De olho na meta
Esse é o momento, portanto, para documentar todas as suas realizações e definir, com precisão, seus objetivos. Não marque horário com o seu chefe, sem ter clareza sobre o que você realmente quer. 


"A questão não é apenas o aumento salarial. Você precisa saber qual a sua relevância dentro da organização e quais as expectativas para o futuro", afirma Valle. 


A dica, portanto, é ter sempre um plano B. Ou seja, não comece a negociação, apenas tendo em vista um aumento salarial. Pense em outras alternativas para seu crescimento dentro da empresa, como um MBA, uma visita à matriz ou um treinamento. 


"Crie uma lista de desejos", aconselha o especialista. E a cada recusa do seu chefe, tente negociar outros pontos. 


6. Escolha a melhor estação 
Faz parte da estratégia de negociação perceber o momento certo para agendar a conversa. "Dê preferência para dias em que o time do chefe ganhou", brinca Araújo, da Ricardo Xavier.


O bom humor do superior não é o único indicador de que chegou a hora de pedir seu aumento. "Fim de projetos ou ciclos dentro da empresa são momentos propícios para ter essa conversa", afirma o especialista.


O clima do início do ano ou do semestres sempre traz a oportunidade de analisar os projetos passados e mostrar um balanço do seu trabalho para o chefe. Mas fique atento. O tempo mínimo para fazer isso é de seis meses após a contratação. "O ideal é um ano após ter sido admitido", diz Araújo. 


7. Dia D
Antes de rumar para a reunião com o chefe, faça um estratégia com base em todas as informações que você colheu nos passos anteriores. Isso garantirá segurança e objetividade na hora da negociação. 


Assim que entrar na sala do superior, assuma a postura de condutor da conversa. Seja claro e assertivo. "Antes de fazer a demanda, estruture a expectativa da chefia para criar um espaço de negociação", afirma Valle.


Dessa forma, inicie a conversa explicando quais as suas expectativas com relação a empresa e mostre como isso se insere no contexto do mercado. Depois, faça uma avaliação do seu desempenho na companhia, o que tem aprendido e como pretende crescer . Por fim, mostre a proposta de maneira objetiva.


8. Mantenha a postura
O chefe não aceitou sua proposta? Respire fundo. Não implore. Não exija. Não banque o coitadinho. Não perca a compostura. 


Usar argumentos de cunho pessoal (como o fato de que pretende comprar uma casa ou está com dívidas) não irão convencer seu superior. Lembre-se: a companhia não é uma instituição de caridade. Para receber, você precisa merecer isso.


"Não minta e não blefe. Fazer leilão, dizendo que outras empresas ofereceram mais, queima sua reputação profissional", afirma Mariá. 


9. Plano B
Esse é o momento para conversar sobre sua carreira dentro da empresa. Aproveite para mostrar alguns itens da sua "lista de desejos". Tente negociar outros fatores para o crescimento da sua carreira e mostre o valor de cada uma das suas concessões. 


10. Esperanças? 
O fato do seu chefe ter negado o pedido de revisão salarial não significa que as portas estão totalmente fechadas. "Se não teve sucesso na primeira empreitada, marque um período para uma nova avaliação", diz Araújo. 


Agora, se nesse período, outras pessoas começarem a ser promovidas, enquanto seu chefe persiste em negar seu pedido, talvez seja um bom momento para reavaliar sua posição e procurar outro emprego. 


Se, infelizmente, essa for sua opção saiba qual o momento certo para sair da empresa e descubra os dez sinais de que você pode ser demitido.


Fonte: Revista Exame