terça-feira, 3 de abril de 2012

Como lidar com a resistência das pessoas às mudanças que as afetam


O mundo de nossos dias vive constantes mudanças, com as quais todos temos que conviver e às quais devemos nos adaptar , sejamos governos, empresas ou pessoas. São mudanças econômicas, sociais e tecnológicas, a demandar ajustes e adaptações, que devem ser feitos muitas vezes sem tempo para a recomendável maturação.


Nas organizações empresariais, mudam as estratégias, as políticas, a tecnologia, os organogramas, os quadros e as competências necessárias para o alcance dos objetivos de sobrevivência e crescimento, num esforço continuo de compatibilizar.

CONTEXTO EXTERNO E REALIDADE INTERNA


Nas pessoas observam-se mudanças nas expectativas, nos objetivos, na motivação, nos costumes, nos gostos e nas competências, entre tantas outras mudanças, num processo continuo de adaptar condutas e comportamentos de vida diferentes a cada dia que passa.


A RESISTÊNCIA ÁS MUDANÇAS


Os processos de mudança que ocorrem internamente nas empresas nem sempre são aceitos com passividade e tranquilidade pelas pessoas. Não é só porque as mudanças são naturais e necessárias que serão aceitas, sem contrariedade e reação, por parte dos indivíduos e grupos afetados por elas. Autores clássicos como Mayo, Roethlisberger, McGregor, Zander, Schein e muitos outros já deram atenção a este importante tema da administração de pessoas.


Quando se percebe que as coisas não vão bem, depois de uma mudança introduzida no ambiente de trabalho, é preciso que o agente de mudança estude a reação das pessoas ou grupos, para saber o que está enfrentando.. A determinante do fenômeno social da resistência a mudanças, em qualquer situação envolvendo indivíduos e grupos, é a constatação de que o comportamento deve estar tentando proteger as pessoas envolvidas, das consequências e implicações da mudança introduzida.


O comportamento daqueles que resistem pode tomar varias formas. Pode tomar a forma de reação disfarçada e passiva ou de hostilidade aberta. A agressividade da resistência pode ser dirigida para a mudança em si ou para aquele ou aqueles introdutores da mudança resistida. "Sabotagem", "operação tartaruga", falta de motivação, baixa produtividade, custos crescentes, pouca colaboração, apatia e formação de "panelinhas", entre tantos outros, podem ser sintomas de resistência a alguma mudança introduzida sem maiores cuidados.


TERRENO FÉRTIL PARA A RESISTÊNCIA


Algumas condições são extremamente favoráveis para o aparecimento da resistência às mudanças. São elas:


- pode-se esperar resistência se a mudança introduzida ou pretendida não estiver clara para quem vai ser afetado por ela.
- pode-se esperar resistência se as pessoas a serem afetadas forem obrigadas a aceitar as mudanças decididas "de cima"
- pode-se esperar resistência das pessoas afetadas se as mudanças forem introduzidas com base em razões pessoais (na opinião do Chefe) e não impessoais (no interesse da Empresa).
- pode-se esperar resistência se as mudanças a serem introduzidas ignorarem instituições grupais ("cultura da Casa", tradição, costumes)


EVITANDO OU REDUZINDO A RESISTÊNCIA


Ainda que sempre correndo o risco de enfrentar a resistência de indivíduos e grupos a mudanças a serem introduzidas, certos procedimentos por parte do agente de mudança podem ser úteis para evitar ou pelo menos diminuir os problemas surgidos Vejamos:


* a resistência a mudanças poderá ser evitada na medida em que o agente de mudança auxilie os que serão afetados por ela a compreender sua necessidade.
* a resistência diminuirá na proporção em que as pessoas afetadas tenham a oportunidade de reclamar e "desabafar" abertamente sobre a mudança introduzida
* a resistência pode não ocorrer ou ganhar pequenas proporções se as pessoas afetadas participarem da definição do caráter e da forma da mudança a ser implantada.
* a resistência será menor na medida em que as pessoas a serem afetadas pela mudança puderem participar do levantamento dos fatos que justificam a mudança pretendida.


Em resumo, a resistência a mudanças é um fato social com o qual os agentes de mudança tem que se haver para alcançar êxito em suas tentativas de promover as mudanças hoje tão naturais e necessárias. Nas empresas, os chefes, em todos os níveis, deverão estar atentos aos acontecimentos para poder líder com sensibilidade e eficácia com as implicações da resistência. É importante lembrar, porém, que muitos chefes já perderam seus empregos por não estarem conscientes e preparados para bem desempenhar essa sua prioritária função como introdutor de mudanças. Em verdade o cemitério empresarial está cheio de agentes de mudança fracassados.


(*) Laerte Leite Cordeiro é Diretor e Consultor Titular da Laerte Cordeiro Consultoria em Recursos Humanos em São Paulo, especializada em Aconselhamento de Carreiras e Outplacement.