domingo, 29 de abril de 2012

21 dicas para superar a crise


A mudança na economia afeta de maneira diferente cada profissional. 
Veja o que fazer para atravessar esse período de turbulência


Enquanto todo mundo fala de crise econômica, é hora de avaliar o impacto que ela pode ter sobre a sua carreira. Em primeiro lugar, nada de pânico. Ninguém sabe ao certo como a turbulência do setor financeiro se espalhará pela chamada economia real. “A crise não tem um efeito direto no mercado de trabalho. Alguns profissionais sentirão mais o impacto que outros”, diz o headhunter Jeffrey Abrahams, diretor da Abrahams & Associates. 


Tudo depende do setor em que sua companhia atua, da saúde contábil dela e do cargo que você ocupa. Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), será necessário um impacto muito forte na economia para se criar um cenário de redução de vagas no mercado de trabalho. Por enquanto, o que está sendo afetado é o ritmo de criação de novos postos. Uma coisa é certa: não condicione sua carreira ao momento da economia. Aja com cautela, mas não interrompa seus planos. “As pessoas tendem a paralisar os projetos, o que é muito perigoso, porque a crise vai passar”, diz Karin Parodi, diretora da consultoria Career Center, de São Paulo. Ao lado, reunimos 21 dicas para atravessar a fase de economia instável com poucos impactos na carreira.

Como fica o meu planejamento de carreira?


Confira as recomendações para os próximos passos profissionais: 


1. Para quem está empregado, talvez seja melhor esperar antes de fazer um movimento de carreira. Aguarde os próximos desdobramentos da crise. “Neste momento, é difícil avaliar o que é uma boa colocação”, diz Elaine Saad, gerente-geral da Right Management, de São Paulo. Mudar na hora de incerteza só vale a pena se você perceber que pode haver na empresa um corte de pessoal. 


2. As chances de encontrar oportunidades melhores são maiores no início do ano, quando as companhias estão começando a executar seus projetos e tendem a contratar mais. Se puder esperar, interrompa a busca por emprego agora e só volte ao mercado em janeiro. 


3. Informe-se para saber se a crise vai impactar sua carreira. Converse com colegas e amigos. Verifique como a crise afeta sua empresa. Se ela tem capital aberto, confira os relatórios trimestrais. 


4. Se você está insatisfeito e deseja mudar de trabalho, obtenha o máximo de informações sobre a companhia para onde pretende ir. Isso vai evitar que você troque seu emprego ruim, mas estável, por uma roubada — e acabe sem nenhum dos dois. 


5. A decisão de fazer um MBA não deve levar em conta apenas o atual cenário, que é passageiro. Pense como ele se encaixa em sua carreira no longo prazo. Mas calcule se você tem fôlego para bancar o curso. Se o MBA for no exterior, Yukiko Takaishi, diretora da área de transição de carreiras, da consultoria Mariaca, de São Paulo, recomenda uma cautela ainda maior. Com o câmbio oscilante, o valor do MBA pode fugir ao controle do estudante. 


Quais são os setores mais impactados? 
Alguns mercados já reagiram à crise. Veja como fica seu emprego:


6. Empresas exportadoras brasileiras estão com maior dificuldade de obter linhas de crédito no mercado internacional, o que dificulta a venda de seus produtos no exterior. Se você trabalha numa empresa voltada para o comércio exterior, deve ficar atento à forma como ela consegue financiar suas exportações. A boa notícia para empresas dessa área: o possível aumento da cotação do dólar vai tornar o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional. 


7. O setor bancário fala em consolidação de mercado. Bancos públicos e grandes instituições privadas podem comprar bancos pequenos com problemas de caixa nos próximos meses. Já nos grandes, há até oportunidades. Itaú e Unibanco, por exemplo, estão recrutando brasileiros com MBA no exterior. Nos últimos dois meses, executivos dessas organizações estiveram nos Estados Unidos para buscar profissionais para suas áreas de varejo, corporativo e gestão de fortunas. 


8. Entre os bancos de investimento, a crise no mercado financeiro americano está obrigando executivos brasileiros que trabalham em Wall Street a fazer as malas e voltar ao Brasil. “Cada banco de investimento americando tem, em média, uns três ou quatro brasileiros”, diz o diretor de uma consultoria multinacional de recursos humanos. “Esse movimento de retorno vai esfriar a guerra por talentos no setor, principalmente nos bancos de investimento, e dar uma freada nos megabônus que vinham sendo pagos aos executivos da área.” 


9. As empresas de TI e telecomunicações podem ser impactadas se a alta do dólar persistir, o que aumentará o preço dos equipamentos importados. Mas épocas de turbulência abrem oportunidades para empresas do ramo. “Há espaço para serviços e produtos que promovam ganhos de eficiência e reduções de custos por meio da tecnologia”, explica Tadeu Fucci, presidente da Cimcorp, empresa de serviços de TI, de São Paulo. A briga por profissionais qualificados deve continuar. “Aqueles que têm maior grau de especialização e conhecimento de alta tecnologia continuam disputados pelas empresas”, diz Tadeu. 


10. Montadoras como Honda, Volkswagen, Fiat e General Motors já deram férias coletivas para seus trabalhadores, mas sem relacionar, oficialmente, a medida com a crise. Não há, ainda, previsão de demissões no setor. Com as exportações em baixa em 2009, o setor dependerá mais de como vai reagir o mercado interno. Se a escassez de crédito durar, pode haver reduções de vagas nesse mercado. 


E a remuneração, como fica? 
Podem ocorrer mudanças em seu mix de benefícios no ano que vem: 


11. Para evitar que os resultados desabem com a turbulência econômica, as empresas devem priorizar incentivos de curto prazo, como bônus e comissões. “É uma forma de manter o pessoal motivado”, diz Pedro Pinheiro, especialista em remuneração da consultoria Mercer, de São Paulo. 


12. Num cenário mais difícil de atingir resultados, muitas empresas estão refazendo os planejamentos para o ano que vem. Algumas podem até incluir metas menores para os bônus, mas realizáveis diante do mercado desfavorável. O certo é que o rigor com quem não cumpre os resultados será maior. “Quando a pressão aumenta, a paciência da empresa com maus resultados diminui”, diz Pedro Pinheiro, da Mercer. 


13. Os salários devem subir mesmo com a crise, segundo estimativas da Mercer. Portanto, se a sua avaliação de desempenho for boa, não fique acanhado em negociar um aumento. A previsão da consultoria é de que os salários de executivos cresçam 8% em 2009 (confira à esquerda). 


O que muda no meu dia-a-dia? 
Competências valorizadas diante de um cenário instável: 


14. A adaptabilidade, característica dos profissionais capazes de se moldar a cenários diferentes rapidamente, ganha importância. “As empresas valorizam quem consegue trabalhar bem fora da zona de conforto”, diz Karin, da Carrer Center. 


15. Bons líderes ajudam a manter as pessoas motivadas durante a crise, principalmente os jovens, que nunca viveram uma situação semelhante. “É preciso passar calma e otimismo, manter o bom humor e conservar a auto-estima dos liderados”, sugere Elaine, da Right Management. 


16. A capacidade de concentração é difícil de ser mantida quando a crise aperta. As pessoas ficam tão preocupadas com elas mesmas que esquecem o trabalho.Mantenha o foco. A empresa pode não premiar seu comprometimento, mas isso vai ajudar a manter seus resultados. “Com um bom desempenho, você vai se destacar”, diz Elaine. 


17. Entre os executivos financeiros, o mercado passa a valorizar aqueles que ajudam a empresa a economizar. “Quem é criativo no uso de técnicas e instrumentos se destaca”, diz o headhunter Jeffrey Abrahams. 


18. Os vendedores habilidosos sabem que a crise é uma oportunidade para se destacar. “É hora de saber ouvir as necessidades dos clientes”, diz Jeffrey. 


Meu emprego está em risco? 
Medidas que podem ajudar na hora de uma eventual recolocação: 


19. Faça um plano financeiro para se equilibrar nos próximos 12 meses. Evite gastos supérfluos. Quanto maior for sua reserva, mais calma você terá para analisar as oportunidades de emprego que surgirem. 


20. Comece a avaliar com mais cuidado que tipo de movimento de carreira seria mais interessante para você. Faça perguntas como: “Qual cargo quero ocupar?”, “Em quais empresas eu gostaria de trabalhar?”.Na pior das hipóteses, qual é a faixa de redução salarial que você aceitaria? 


21. E, claro, tome as providências básicas: reforce o networking, reescreva seu currículo, faça uma lista de suas principais qualidades e realizações profissionais.


Murilo - Você SA