segunda-feira, 22 de julho de 2013

O Nosso Jeito De Ver O Mundo – Tipos Psicológicos

Como o perfil psicológico de cada um influencia na sua visão de mundo e na sua forma de se relacionar.

“Assim é (Se lhe parece)”, titulo de uma peça de Luigi Pirandello, serve muito bem para o tema que quero escrever hoje, pois assim como na peça, existem várias maneiras de se enxergar ou analisar a realidade que se apresenta. 
Embora tenhamos a tendência de acreditar que apenas a nossa forma de ver um determinado fato ou situação é a correta, não é bem assim; dependendo de algumas características individuais podemos perceber, julgar ou analisar os fatos de maneiras diversas. 

Certamente você já viveu momentos onde vê uma situação de uma forma e a outra pessoa ao seu lado enxerga completamente diferente! Ou então, você já sentiu ou conviveu com pessoas que tem uma percepção aguçada, um “sexto sentido” de que algo vai dar certo ou vai dar errado? E ainda pode ter aquela pessoa que vai te relatar um cenário ou uma história e o faz com uma riqueza de detalhes impressionante! Tem também aquela pessoa que, sempre faz uma análise lógica e prática dos fatos que se apresentam, sem contar as que são muito emotivas e choram com facilidade vendo um filme ou escutando uma história.

Pois é... Essa variedade de personalidades pode ser explicada através do livro “Tipos Psicológicos”, fruto de estudo de mais de 20 anos e publicado em 1921, por Carl Gustav Jung, médico psiquiatra e fundador da psicologia analítica ou psicologia junguiana, onde mostra que a peculiaridade de cada um nos faz enxergar as coisas de modo diferente, desenvolvendo opiniões e percepções dos fatos e da realidade totalmente diversas.


Afinal, quais são e como se diferenciam esses “Tipos Psicológicos”? O conhecimento a respeito desse tema tem qual serventia pra mim? 

Inicialmente, Jung identificou que existem pessoas que colocam o foco e a sua energia no mundo, nas outras pessoas, nos objetos que estão fora, e essas pessoas são definidas como “extrovertidas”, e as pessoas que colocam o foco mais nas suas próprias idéias, nas suas reflexões internas, são definidas como “introvertidas”. 

Embora, não queira dizer que sejamos sempre uma coisa ou outra, pois existem situações que mesmo um introvertido pode se posicionar como um extrovertido ou vice-versa. Mas, existe uma situação onde a pessoa se sente mais à vontade, onde funcionará o seu “piloto automático”. 

Jung percebeu ainda que, existiam diferenças de posicionamento e atitudes mesmo entre as pessoas introvertidas e, ocorria a mesma coisa com as pessoas extrovertidas, e para diferenciá-las ele identificou “ 4 Funções Psíquicas”, sendo que elas são agrupadas em duplas:
Forma como PERCEBEMOS a realidade:
o Sensação
o Intuição
Forma como JULGAMOS a realidade:
o Pensamento
o Sentimento

As pessoas que percebem o mundo pela Sensação são as pessoas mais detalhistas, que utilizam os 5 sentidos para analisar o que está acontecendo ao seu redor, utilizam informações concretas, dados e fatos para entender a realidade, e são focadas no aqui e agora, no momento presente.
Já as pessoas do tipo Intuição são pessoas que percebem as coisas que estão no ar, tem pressentimentos de que algo vai bem ou mal, são mais abertas às novas possibilidades, e tem um olhar mais no futuro, em geral são pessoas visionárias. 

As pessoas do tipo Pensamento são as que julgam o mundo através do intelecto, da objetividade, se fixam na lógica dos fatos. 
E as pessoas do tipo Sentimento são as que julgam a realidade através dos seus valores pessoais, para elas algo é bom ou ruim segundo suas crenças, tem um foco maior nas relações e nos sentimentos envolvidos. 

Em geral temos sempre 2 funções que são as mais desenvolvidas, sendo que uma é a função principal e a outra é a secundária auxiliar, o contra-ponto da secundária auxiliar será a terceira auxiliar e, a função oposta à principal é a função inferior (sombra), aquela com a qual temos a menor familiaridade. 

Essas 4 funções podem ser combinadas com a introversão ou a extroversão. 
Por exemplo, se tivermos a função Pensamento como dominante, então a função inferior será o Sentimento (que é o seu contra-ponto), e neste caso essa pessoa poderá ter dificuldade de lidar com as relações, com o sistema de crenças das outras pessoas, e também pode não se sentir à vontade para lidar com os próprios sentimentos. 

Ainda conforme o exemplo citado acima, podemos identificar que a pessoa tem a função Intuição como segunda função auxiliar, ou seja, essa pessoa trabalha com a dinâmica e a objetividade dos fatos (função principal Pensamento), entretanto, tem também uma percepção aguçada, vê oportunidades onde outras pessoas podem não enxergar. Uma pessoa do tipo Pensamento-Intuição é uma pessoa que terá grandes chances de ser um empreendedor de sucesso, um executivo de alto escalão, uma pessoa que descobre novas oportunidades de negócio.

E, nesse ponto chegamos à 2a.questão que coloquei lá no início do texto: o conhecimento a respeito desse tema tem qual serventia pra mim? 

Em primeiro lugar e, acredito o mais importante, é o autoconhecimento! Conhecer melhor quais são as suas funções dominantes pode inclusive auxiliá-lo na sua vida, nas suas relações com o mundo e na sua carreira profissional, pois poderá entender onde está a sua motivação, qual atividade que faz o seu “olho brilhar” de satisfação. 

E quando aprofundamos nesse conhecimento identificamos o que precisamos desenvolver, aprimorar, e sabemos com o que temos que tomar cuidado, pois em situações estressantes a função que irá predominar será a minha função inferior, e ela não estando bem trabalhada, funcionará como uma armadilha, e pode acontecer o que identificamos como sendo “o Fulano estava sob pressão e meteu os pés pelas mãos”! 

Um outro ponto que julgo ser importante nesse conhecimento é que não estamos sozinhos nesse mundo, nos relacionamentos diariamente com as outras pessoas, e muitos dos conflitos que surgem nas relações, podem ter a sua origem na diferença de tipologia. 
Por exemplo, uma pessoa que tem a função principal Sensação se relacionando com uma pessoa cuja função principal é a Intuição, poderá ter conflitos e dificuldades de relacionamento, pois uma vai querer informações, indicadores, dados concretos de que algo está acontecendo aqui e agora, enquanto a outra estará baseando a sua análise dos fatos em percepções, em pressentimentos, em coisas que não podem ser traduzidas em dados. 

Num processo de coaching por exemplo, é interessante o Coach conhecer a tipologia do Coachee, pois a linguagem a ser utilizada será aquela que o Coachee entende, funcionará como uma “porta de entrada” para melhor trabalhar o autoconhecimento, ou seja, o Coach e o Coachee estarão “falando a mesma língua”! 

Um especialista em Psicologia Junguiana geralmente identifica a tipologia do seu coachee no decorrer das sessões, e poderá ajudá-lo a trabalhar as várias funções.

Pois o Jung ressalta, nós podemos mudar ao longo da nossa vida a nossa tipologia, seja através do autoconhecimento ou também das diversas situações que vivemos, e o ideal é que possamos desenvolver todas as funções ao longo da vida, buscando assim, um equilíbrio entre elas. 

Existem hoje no mercado vários testes que se propõe a fazer essa identificação, 
os mais conhecidos são o MBTI, o Insights Discovery e o Quati, e são testes muito utilizados por diversas empresas no entendimento e desenvolvimento das equipes.
Caso você tenha curiosidade de fazer um desses testes poderá fazer um teste mais resumido, mas gratuito através do site http://inspiira.org/ 

Caso tenha interesse em entender com mais profundidade esse tema poderá ler os artigos contidos nos links abaixo: 
http://www.jungrj.com.br/artigos/tipos_psicologicos.htm
http://psicologia-cgjung.blogspot.com.br/2010/04/os-tipos-psicologicos.html

E, para que fique em paz, lembre-se que um mesmo fato pode conter sim várias realidades, e parafraseando novamente o Pirandello, “assim é se lhe parece”!

Por: LUCIA NAVARRO